O título de João Fonseca no Challenger de Phoenix, no último dia 16, realimentou o debate sobre o futuro cada vez mais promissor —e cercado de expectativas— que se projeta para a carreira do jovem tenista de apenas 18 anos.
Na mesma semana, a cerca de 400 km de distância de onde o carioca somou mais um troféu, outro brasileiro com mais rodagem conseguia em Indian Wells o melhor resultado de uma carreira de quase duas décadas dedicada à bolinha amarela.
Natural do Rio de Janeiro, mas criado no litoral paulista, Fernando Romboli, 36, alcançou no torneio da categoria Masters 1000, nos Estados Unidos, o melhor resultado de sua carreira, iniciada em meados dos anos 2000. Ao lado do australiano John-Patrick Smith, chegou à semifinal de duplas.
Com o resultado, Romboli deu um salto de 14 posições e alcançou a 68º do ranking de duplas da ATP (Associação de Tenistas Profissionais), a melhor de sua carreira. Ele agora é o quarto melhor duplista do Brasil, atrás de Marcelo Melo (26º), Rafael Matos (38º) e Orlando Luz (65º).
“É a recompensa de um trabalho que venho fazendo já há anos. Sinto que estou jogando bem há um bom tempo e vinha batendo na trave. Então, foi superimportante conseguir desempenhar e ter resultado em um torneio desse porte”, afirmou Romboli à Folha.
Até então, ele tinha como maior conquista o ATP 250 de Umag, na Croácia, em 2021, jogando ao lado do espanhol David Vega Hernandez.
“São anos tentando, com inúmeras situações em que não tive sorte. Mas o mérito foi nunca ter baixado a cabeça, sempre acreditando, sabendo que estava no caminho e que a recompensa ia chegar”, descreveu.
Os torneios de nível Masters 1000 são o segundo em importância na hierarquia do tênis, atrás apenas dos quatro Grand Slams —Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open— e à frente dos ATP 250 e 500, além dos Challengers.
Romboli diz que a conquista tem um sabor ainda mais especial por sua trajetória na semana da disputa. Ele recorda que sua própria participação no torneio sequer estava confirmada horas antes de sua estreia. Isso porque, por não ter ranking suficiente para entrar direto na chave principal, ficou em uma lista de espera, no aguardo de desistências.
No primeiro dia de jogos, três duplas desistiram, mas o brasileiro não pôde tirar proveito porque ainda estava no voo em viagem, após ter disputado a final do Challenger de Córboda, na Argentina, ao lado do chileno Matis Soto —eles ficaram com o vice após perderem para os poloneses Karol Drzewiecki e Piotr Matuszewski.
O brasileiro chegou em Indian Wells apenas no segundo dia do torneio e se valeu de mais uma desistência para, horas após aterrissar no aeroporto, ser confirmado na chave e já entrar em quadra.
Logo na primeira rodada, Romboli e Smith tiveram pela frente a dupla favorita formada pelos anfitriões Austin Krajicek e Rajeev Ram, prata nos Jogos de Paris. Venceram por 2 sets 1, com parciais de 6/4, 3/6 e 10/8 no super tie-break do terceiro set, após estarem perdendo por 7 a 3.
Em seguida, passaram pelos britânicos Julian Cash e Lloyd Glasspool, quarta melhor dupla na atual temporada, novamente por 2 a 1 (6/4, 4/6 e 10/5). Perto do fim do jogo, o brasileiro disse que sentiu uma lesão na panturrilha, que dificultava os movimentos em quadra.
Mesmo sem estar 100% fisicamente, nas quartas de final, conseguiu despachar a dupla formada pelo indiano Yuki Bhambri e pelo sueco Andre Goransson. A derrota na semifinal contra o americano Sebastian Korda e o australiano Jordan Thompson veio após um jogo bastante disputado, por 2 sets a 1, com 10 a 8 no super tie-break.
“Não dá para negar que o sentimento foi amargo, porque a gente se colocou em posição de ganhar o jogo. Mas precisamos ter a maturidade para ver que tem muito mais coisa positiva do que negativa na campanha”, afirmou Romboli.
O brasileiro também celebra o feito conquistado nas quadras rápidas da Indian Wells pela exposição que ganhou na mídia e torce para que novos patrocinadores se interessem em expor as marcas em seus uniformes.
Atualmente, o duplista conta com o apoio de uma rede de material esportivo e de uma marca de vestuário, mas sem patrocínio fixo. Gastos com viagens para competir e treinos são bancados do próprio bolso.
“Um resultado desse acaba chamando atenção e abrindo portas para que possamos desenvolver melhor a carreira”, diz Romboli.
Com poucas lesões ao longo dos anos, ele afirma que a aposentadoria não é um tema em seu radar. “Hoje, com 36 anos, eu me sinto um menino. Ainda tenho muita lenha para queimar e espero conseguir me manter jogando nesse nível por mais uns bons anos”, afirma o brasileiro.