Na infância de Leandro Domingues, a volta da escola tinha parada obrigatória no campinho de futebol. Muitas vezes, chegava só sua mochila em casa, enviada pelos amigos para entregar à mãe. A paixão pela bola foi herdada do pai, jogador amador, e de um tio, dono de uma escolinha de futebol.
“Ele sempre gostou de jogar futebol, acho que realmente estava no DNA dele. Já tinha a convicção de seguir carreira desde criança”, diz o irmão Kleiton Domingues, 37, também futebolista.
Aos 11 anos, Leandro foi descoberto em sua cidade natal, Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. Contava que nem chegou a tocar na bola durante a seletiva e já tinha sido pontuado pelo professor Luciano Reis, que justificou que um menino que olha por cima do ombro tem talento garantido.
Mudou-se para Salvador em 1995, aos 12, onde ingressou na base do Vitória e chegou ao profissional, em 2001. O meia se tornou ídolo do rubro-negro baiano com quatro passagens pelo clube. Foi hexacampeão baiano e levantou a taça da Copa do Nordeste.
A carreira foi longa. Somou 426 jogos e marcou 109 gols. Além do Leão, também entrou em campo por outros clubes nacionais, como Cruzeiro, Fluminense, Portuguesa e Betim.
Seu talento cruzou o oceano e chegou ao Japão, onde jogou uma década. Chegou em 2010 para o Kashiwa Reysol, que estava na segunda divisão. Foi o artilheiro e levou o clube à elite nacional. No ano seguinte, conseguiu o feito de campeão japonês. Por lá, também defendeu times como o Yokohama FC e Nagoya Grampus.
Fora dos campos, seu hobby também tinha a ver com futebol. Gostava muito de assistir a transmissões de partidas, hábito que puxou ao pai.
Sua personalidade era reservada. “Quem olhava achava ele muito sério. Mas, quando ele ganhava o ambiente e a confiança, ele se abria para a resenha”, revela o irmão.
Leandro parou de disputar partidas em 2022, quando precisou se aposentar para entrar em campo contra um câncer no testículo. Foram anos de um campeonato difícil que teve fim no último 1º de abril. Morreu aos 41 anos, em Salvador.
Deixa a mulher, Taciana, 39, e os filhos Leandro Filho, 18, Davi, 10, e Valentina, 6.
O Vitória emitiu uma nota lamentando a morte do ídolo. “Foi um verdadeiro maestro em campo, demonstrando garra e paixão pelo clube”. Na partida do Brasileirão do dia 6, a camisa 30 —da qual foi titular— levou seu nome e todos jogadores utilizaram faixa preta no braço. A torcida do Barradão, onde ele tanto goleou, deu uma salva de palmas.
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