O presidente da Torcida Jovem do Leão, João Victor Soares da Silva, 27, continua internado em um hospital de Pernambuco 12 dias após a briga registrada antes da partida entre Santa Cruz e Sport, em 1º de fevereiro, pelo Campeonato Pernambucano.
De acordo com o advogado Rômulo da Silva Brito, representante de Soares, o homem teve lesões na região do ânus, levou mais de cem pontos na cabeça e fraturou dois ossos rádio, mas já passou por cirurgia e está tendo uma recuperação “extraordinária”.
Ele recebeu atendimento inicialmente no Hospital da Restauração, mas foi transferido. A Polícia Civil não divulga seu estado de saúde ou localização por questões de segurança.
“A Polícia Civil de Pernambuco informa que as 13 pessoas citadas seguem presas preventivamente. As investigações estão em andamento pela Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva. Mais informações não podem ser divulgadas para não causar prejuízo às diligências em curso”, diz, em nota.
Quatro policiais fazem a custódia do presidente da Jovem, com cada guarnição permanecendo em turnos de seis horas, segundo o advogado.
De acordo com Brito, Soares é incapaz de identificar seus agressores. É ele quem aparece desacordado em gravações da briga.
“Ele realmente não reconhece ninguém, até porque os agressores estavam com pano na cabeça. Não foi confusão, nem fusão. O nome disso é linchamento”, afirmou o advogado.
O presidente da organizada, assim como outros 12, teve prisão preventiva decretada pela Justiça. Sua defesa entrou com pedido de liberdade provisória, que ainda não foi analisado.
A argumentação é embasada no fato de que Soares não teria agredido nenhum adversário e que tentava, na verdade, fugir da organizada do Santa Cruz, que teria ido ao encontro dos torcedores do Sport.
“Ele correu quase 400 metros sem a presença de policiais, então foi alcançado e linchado com socos e pontapés em todo o corpo. Teve confusões e hematomas. Um homem saudável e viril se viu desmaiado em poucos segundos, todo ensanguentado. Quando a polícia chegou, não tinha o que fazer. Só restava socorrê-lo mesmo”, disse o advogado.
“Não foi apreendido pau, pedra ou qualquer tipo de arma com o meu cliente. É preciso entender que cada caso é um caso. Ninguém reclamou de João Victor, um homem alegre e divertido”, acrescentou.
Por meio das redes sociais, a mãe de Soares, Viviane Eugenia, criticou o pedido de prisão nesta terça-feira (11). Ela apontou que o jovem errou por “ter se envolvido com amizades que não eram da sua tribo” e porque “deixou sua própria família em nome de uma torcida organizada”.
“Mas quem sou eu para julgar neste momento em que ele já foi mais do que punido pela vida?”, acrescentou. “O meu [filho] será entregue à sociedade como o único responsável por toda a desordem que acontece nas torcidas organizadas. Era melhor que tivéssemos morrido naquele dia, pois estão nos matando aos poucos.”
Questionado, o Tribunal de Justiça de Pernambuco informou que há um pedido de habeas corpus registrado no nome de Soares, mas ainda não consta decisão do juízo.
O caso é investigado pela Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva, vinculada à Polícia Civil.