Os investidores da Apple rejeitaram nesta terça-feira (25) uma proposta que pedia à empresa para “cessar seus esforços de DEI [diversidade, equidade e inclusão]”.
Era esperado que os investidores rejeitassem a proposta durante a reunião anual de acionistas da empresa —em alinhamento com a recomendação da Apple—, apesar das crescentes tensões em torno dos programas corporativos de diversidade. A empresa não divulgou a contagem dos votos.
Nos primeiros dias de seu segundo mandato, o presidente Donald Trump emitiu duas ordens executivas destinadas a acabar com programas DEI no governo federal. As ordens levaram a uma ampla demissão de funcionários públicos, enquanto corporações e universidades lutam para interpretar as medidas que visam contratos públicos relacionados a políticas de inclusão.
Na sexta-feira (21), um juiz federal bloqueou temporariamente partes importantes das ordens de Trump, mas as empresas ainda estão se preparando para investigações encabeçadas pelo novo governo.
A proposta para os acionistas da Apple, apresentada pelo National Center for Public Policy Research, um think tank conservador, observa que a empresa mantém um programa de diversidade de fornecedores, possui grupos de recursos para funcionários de origens “diversas” e emprega “um vice-presidente de Inclusão e Diversidade” em um momento em que tais esforços corporativos estão sob escrutínio legal e regulatório.
“Com 80 mil funcionários, a Apple provavelmente tem mais de 50 mil que são potencialmente vítimas desse tipo de discriminação”, afirma a proposta do NCPPR.
“Se mesmo apenas uma fração dos funcionários entrar com ações judiciais, e apenas alguns desses casos forem bem-sucedidos, o custo para a Apple poderia chegar a dezenas de bilhões de dólares.”
Em uma declaração antes de sua reunião de acionistas, a Apple afirmou que seus esforços de DEI são essenciais para sua “cultura de pertencimento” e incentivou os acionistas a rejeitar a proposta.
Várias empresas receberam propostas de acionistas anti-DEI nesta temporada de divulgação de resultados, incluindo Airbnb, Coca-Cola e General Motors.
Todd Russ, tesoureiro de Oklahoma, anunciou neste mês que seu estado seguiria o exemplo com propostas de acionistas pedindo “neutralidade política”, visando Amazon, Alphabet e Netflix, nas quais Oklahoma investe através de seu Fundo de Liquidação de Tabaco de US$ 2 bilhões.
Alguns think tanks conservadores são responsáveis pela maior parte das propostas de acionistas anti-DEI apresentadas no ano passado, de acordo com Andrew Jones, pesquisador sênior do Conference Board, um think tank empresarial.
Embora tais esforços tenham obtido apoio insignificante dos acionistas, eles se concentraram estrategicamente em combater programas em empresas de renome —incluindo Goldman Sachs, JPMorgan Chase, Boeing, Coca-Cola, Costco, AT&T e Progressive— na esperança de “amplificar a oposição que está acontecendo em outros lugares”, disse Jones.
Mas muitas empresas continuam a sinalizar seu compromisso com os esforços de diversidade, incluindo Costco, JPMorgan Chase e Goldman Sachs, todas as quais incentivaram os acionistas a rejeitar propostas anti-DEI.
No mês passado, mais de 98% dos acionistas da Costco rejeitaram uma proposta anti-DEI do NCPPR durante sua reunião anual.